segunda-feira , 12 maio, 2025
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Faturamento das PMEs recua 1,2% no primeiro trimestre de 2025, pior resultado desde 2021

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Faturamento das PMEs recua 1,2% no primeiro trimestre de 2025, pior resultado desde 2021

ISABELA K.L.

Faturamento das PMEs recua 1,2% no primeiro trimestre de 2025, pior resultado desde 2021

(Imagem: Divulgação Omie)

O ano de 2025 será desafiador para as pequenas e médias empresas, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). O levantamento aponta que o faturamento das pequenas e médias empresas brasileiras (PMEs) registrou retração de 1,2% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024. Em relação ao quarto trimestre de 2024, a queda foi ainda maior (-1,5%).

Esse desempenho representa o pior resultado do indicador desde o último trimestre de 2021, refletindo a perda de fôlego em determinados segmentos de Serviços, além da retração nas PMEs dos setores industrial e de infraestrutura.
 

O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 736 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Para Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, o IODE-PMEs já sinalizava uma perda relevante de dinamismo no mercado das PMEs a partir de meados do quarto trimestre de 2024, em meio à deterioração do cenário macroeconômico doméstico. “Apesar da continuidade no crescimento dos rendimentos reais do trabalho — principal componente da renda das famílias brasileiras —, o aumento das incertezas fiscais em relação aos próximos anos tem pressionado as expectativas inflacionárias e impulsionado a alta das taxas de juros, comprometendo o poder de compra das famílias”, explica.

No cenário externo, o ambiente também tem se mostrado mais adverso, diante das incertezas relacionadas à política tarifária dos Estados Unidos sob o governo Trump e das respostas adotadas por outras grandes economias, com destaque para a China.

Um dado que reforça esse panorama de maiores dificuldades para a evolução dos negócios das PMEs foi a queda expressiva da confiança dos consumidores entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025 (-7,6% no período), conforme apontado pela Sondagem do Consumidor da FGV-IBRE. Esse declínio refletiu, sobretudo, a piora nas expectativas dos agentes econômicos.

Na mesma direção, a última edição (março) da Sondagem Omie das Pequenas Empresas, reforça esse panorama de deterioração das expectativas dos pequenos empreendedores em relação ao ambiente econômico doméstico. O levantamento mostra que os empresários estão mais pessimistas, com 51% sinalizando perspectiva de piora da economia, número maior do que os 39% da sondagem realizada em setembro de 2024. “Diante desse contexto, a queda do IODE-PMEs no primeiro trimestre de 2025 reforça a percepção de que este será um ano mais desafiador para a economia brasileira”, comenta o economista.

Apesar de recuos em diversos setores neste início de ano, o Comércio se manteve em território positivo, de acordo com o índice. As PMEs registraram crescimento de 7,9% no faturamento médio real no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. No entanto, a análise desagregada mostra desempenhos bastante distintos entre o atacado e o varejo.

As PMEs do comércio atacadista apresentaram um crescimento expressivo de 10,2% neste primeiro trimestre, impulsionando o desempenho geral do mercado. ‘Comércio atacadista de bebidas’, ‘Comércio atacadista de resinas e elastômeros’ e ‘Comércio atacadista de resíduos de papel e papelão’ foram as atividades com maior destaque. 

Já no varejo, após sinais de recuperação ao longo do segundo semestre de 2024, as PMEs voltaram a registrar uma modesta queda de 1,3% neste primeiro trimestre. ‘Varejo de medicamentos veterinários’, ‘Varejo de equipamentos para escritório’ e ‘Varejo de livros’ foram as atividades que continuaram a apresentar desempenho positivo no período.

O setor de Serviços é o maior mercado de atuação das PMEs em termos de volume de empresas. No segmento, o IODE-PMEs aponta estabilidade no faturamento médio, com variação de -0,2% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Por um lado, o setor tem sido impactado negativamente pelo enfraquecimento de atividades que se destacaram em 2024, como ‘Alimentação’, ‘Atividades profissionais, científicas e técnicas’ e ‘Serviços pessoais’. Por outro lado, o setor teve bons números no 1º TRI pelo crescimento das atividades de ‘Informação e comunicação’, ‘Transporte e Armazenagem’ e ‘Atividades financeiras’.

Os resultados das PMEs varejistas e de alguns segmentos do setor de Serviços evidenciam o impacto recente do aumento das pressões inflacionárias e da queda da confiança dos agentes econômicos, fatores que têm reduzido o ímpeto de consumo das famílias. Além disso, o cenário de elevação das taxas de juros no país tem prejudicado especialmente as atividades mais intensivas em capital, como demonstram os resultados do IODE-PMEs nos setores de Indústria e Infraestrutura.

Na Indústria, há uma perda de fôlego desde o segundo semestre de 2024, com a retração se intensificando nos primeiros meses de 2025. No primeiro trimestre deste ano, o setor registrou uma queda de 5,8% e a retração entre as PMEs industriais se mostra disseminada entre as atividades monitoradas pelo índice. Dos 23 subsetores da indústria de transformação acompanhados pelo IODE-PMEs, 15 apresentaram desempenho negativo. Ainda assim, há atividades que demonstraram resiliência e seguiram em crescimento no período, com destaque para: ‘Impressão e reprodução de gravações’, ‘Fabricação de produtos de madeira’ e ‘Fabricação de produtos de metal’.

No segmento de Infraestrutura, as PMEs voltaram a apresentar queda, com retração de 3,3% neste primeiro trimestre, após o desempenho positivo registrado no quarto trimestre de 2024 (+9,7% YoY). O resultado negativo afeta atividades como ‘Obras de Infraestrutura’, ‘Construção de edifícios’ e até mesmo ‘Serviços especializados para a construção’. Por outro lado, a manutenção do crescimento nas atividades de ‘Água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação’ contribuiu para conter uma queda ainda mais acentuada do setor como um todo nos últimos meses.

Por fim, o IODE-PMEs também permite a análise regional do comportamento das PMEs brasileiras. No primeiro trimestre de 2025, o índice revela que o mercado de PMEs permaneceu em território positivo nas regiões Sudeste (+0,6% YoY) e, especialmente, Centro-Oeste (+2,5% YoY). Por outro lado, registrou-se, em média, uma retração nas regiões Sul (-3,5% YoY), Nordeste (-3,5% YoY) e Norte (-10,4% YoY), o que reforça a heterogeneidade do mercado entre as diferentes regiões do país.

Segundo Beraldi, mesmo com grandes desafios macroeconômicos no radar, o cenário básico para a economia brasileira não sugere uma interrupção total do crescimento. “Em termos gerais, os resultados recentes do IODE-PMEs reforçam a expectativa de que o setor de PMEs deverá crescer de maneira mais alinhada às projeções gerais para o PIB brasileiro (com a mediana das previsões atualmente em torno de 2%, conforme o Boletim Focus do Banco Central). Esse cenário é diferente dos últimos anos, quando o mercado de PMEs cresceu a um ritmo mais acelerado do que a economia como um todo”, avalia.

Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
Isabela Kalil de Lima
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