Vivemos tempos desafiadores no mercado financeiro brasileiro. A inflação caminha para os 6% e a taxa Selic deve ultrapassar os 15%. O cenário de recessão técnica no segundo semestre de 2025 parece inevitável, espalhando pessimismo entre os investidores. Diante disso, muitos têm fugido de ativos de longo prazo, especialmente os atrelados à inflação, como os títulos públicos. Mas será que isso faz sentido?
Esse comportamento reflete um equívoco comum: confundir volatilidade com risco. Embora pareçam semelhantes, esses conceitos são diferentes — e compreender essa diferença é essencial para quem busca investir de forma estratégica e alcançar seus objetivos financeiros.
No mercado financeiro, muitos investidores projetam o futuro a partir de cenários passados, sem perceber os riscos reais. É uma armadilha: enquanto a volatilidade é passageira, o verdadeiro perigo está na perda permanente de capital — o risco que realmente importa.
A recente alta na volatilidade dos ativos brasileiros não é motivo para pânico, mas uma chance de reavaliar estratégias. Quando todos estão pessimistas, os preços caem, antecipando os piores cenários. Nesse contexto, a volatilidade não deve ser vista como inimiga, mas como uma ferramenta que revela oportunidades de longo prazo.
Um exemplo prático são os títulos públicos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA+. Considerados extremamente seguros, esses papéis têm enfrentado quedas acentuadas. O título mais longo do mercado, o Tesouro Renda+ 2065, acumula uma desvalorização de mais de 56% desde seu pico.
Para muitos, isso parece alarmante. Contudo, essa volatilidade reflete apenas a marcação a mercado, ou seja, a oscilação momentânea de preço. Quem mantém o título até o vencimento receberá exatamente o prometido: a taxa pactuada na compra corrigida pela inflação. O que parece risco, na verdade, é oportunidade.
Risco, no sentido real, é a perda de capital de forma permanente. Isso pode ocorrer em cenários extremos, como um calote do governo. No entanto, considerando que o Brasil emite dívida em sua própria moeda e pode imprimir dinheiro para pagar seus compromissos, o risco de inadimplência nominal é ínfimo.
Ainda assim, muitos têm migrado para títulos pós-fixados, atraídos pela alta da Selic, mesmo que isso vá contra o fundamento de proteger o capital no longo prazo. Paradoxalmente, os títulos indexados à inflação são os que oferecem a melhor proteção contra calotes velados, como o aumento da inflação.
Os valuations de ativos de longo prazo no Brasil estão em níveis historicamente baixos. O pessimismo extremo criou um ambiente onde os preços refletem cenários catastróficos. Isso abre espaço para investidores dispostos a nadar contra a corrente e apostar no longo prazo.
A lição é clara: volatilidade não é sinônimo de risco. O investidor que compreende essa diferença e age com estratégia, com alinhamento com os prazos dos seus objetivos e não com emoção, tem muito a ganhar. Em tempos de incerteza, o mercado se torna um espaço de oportunidades — para quem está preparado para enxergá-las.
*Henrique Barros é sócio-fundador da Invés, assessoria financeira de modelo fiduciário focada no investidor. Com graduação em Engenharia Industrial pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Henrique Barros já passou pelas empresas GOS Engenharia, Vangardi, Méliuz, Instituto Henrique$$er e Arpium. Em agosto de 2024, foi reconhecido pela premiação “Brazil Advisor Awards” da XP Investimentos, principal reconhecimento da indústria que celebra a excelência e o compromisso com a qualidade no setor, assim como a própria Invés.
Sobre a Invés – Fundada em setembro de 2022, a Invés é uma assessoria financeira de modelo fiduciário que já se tornou uma das mais promissoras assessorias do mercado brasileiro. Em dois anos de operação, a empresa acumulou um patrimônio sob custódia de R$ 2,5 bilhões, mais de 2 mil clientes. É credenciada pela XP Investimentos e formada por uma equipe de mais de 50 profissionais de alto nível técnico. No ranking XP Expert 2024, a Invés ficou em 2º lugar em Private, 3º lugar no S20 (empresas com menos de três anos de fundação) e 13º lugar em Expansão, além de Henrique Barros, sócio-fundador, ter ficado no Top 20 melhores profissionais do Brasil.
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VICTORIA APARECIDA DOS SANTOS BERNARDES DA SILVA
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