Silvia Ueno Leonetti, conhecida como a “Fada do Cocô”, explica por que forçar o desfralde pode trazer consequências físicas e emocionais, e o que pais e cuidadores precisam entender antes de dar o primeiro passo.
TâNIA OLIVEIRA
07/05/2025 10h48 – Atualizado há 1h
Tirar a fralda é um marco importante na infância, mas também uma das etapas que mais geram ansiedade em pais e cuidadores. Muitos ainda acreditam que o desfralde deve acontecer quanto antes — e que basta “tirar a fralda e esperar que a criança se acostume”. O problema é que essa prática, além de ultrapassada, pode causar efeitos colaterais importantes, tanto físicos quanto emocionais.
Quem faz o alerta é a terapeuta ocupacional e escritora Silvia Ueno Leonetti, também conhecida como a Fada do Cocô, que fala com leveza sobre o desenvolvimento fisiológico e emocional da criança. Com mais de 200 mil seguidores nas redes sociais, e muitas famílias atendidas, ela tem uma abordagem única: olhar o desfralde como um processo que vai muito além da fralda.
“O desfralde não começa com a retirada da fralda. Ele começa com o respeito pelo tempo da criança e com a observação de sinais claros de prontidão. A pressa de muitos adultos em cumprir prazos sociais ou escolares ignora o desenvolvimento do sistema nervoso e fisiológico da criança”, explica Silvia.
Segundo ela, a maturidade neurológica para controlar o esfíncter, por exemplo, só começa a acontecer a partir dos dois anos, podendo se estender até os quatro ou cinco, dependendo da criança. Isso quer dizer que “treinar” o desfralde antes desse momento não só é ineficaz, como pode gerar insegurança, constipação e até quadros de incontinência urinária.
Uma das etapas mais desafiadoras do desfralde é ensinar a criança a não ter nojo da eliminação, algo que, muitas vezes, pode gerar resistência. A terapeuta ocupacional Silvia Ueno Leonetti explica que, para lidar com essa questão, é importante criar um ambiente acolhedor e sem julgamentos. “A criança precisa entender que a eliminação faz parte do processo natural do corpo, sem tabus ou aversões. Ao torná-la mais confortável com a situação, ela começa a internalizar esse processo de maneira saudável e sem traumas”, afirma Silvia.
Além disso, a profissional orienta que, durante o desfralde, a criança deve ser encorajada a se sentir à vontade em relação ao seu corpo. “É fundamental que os pais ou cuidadores evitem demonstrar repulsa ou frustração, pois isso pode fazer com que a criança associe o ato de ir ao banheiro a algo vergonhoso ou negativo. O processo deve ser tratado com naturalidade, com carinho e sem pressa”, completa a terapeuta.
Silvia também chama atenção para os sinais de prontidão reais, que incluem: a criança demonstrar incômodo com a fralda suja, conseguir ficar períodos maiores com a fralda seca, comunicar necessidades básicas e imitar comportamentos dos adultos.
“Desfraldar é mais do que um processo físico, é uma jornada de autoconhecimento e confiança, onde cada passo dado com carinho e paciência fortalece o vínculo entre pais e filhos.”
Sobre Silvia Ueno Leonetti:
Silvia Ueno Leonetti é terapeuta ocupacional formada pela USP de Ribeirão Preto e pós-graduada em Saúde Funcional pela FACIS (Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo). Palestrante e pesquisadora, tornou-se referência nacional no desfralde respeitoso, abordando com leveza e embasamento científico temas como desenvolvimento infantil, autonomia e vínculo afetivo. É autora do artigo científico “Comunicação de eliminação: um potencial campo de atuação para o terapeuta ocupacional”, publicado na Revista Brasileira de Terapia Ocupacional (RevisbraTO).
Criadora do perfil @afadadococo, Silvia compartilha conteúdos educativos que já impactaram mais de 200 mil pessoas em suas redes sociais, entre famílias, educadores e profissionais da saúde. É também autora do livro infantil “A visita inesperada de uma fada diferente”, que propõe um olhar lúdico e respeitoso para o processo do desfralde. Além disso, oferece cursos, mentorias e atendimentos individualizados, sempre com base em práticas humanizadas e atualizadas pela neurociência.
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TÂNIA REGINA ALMEIDA DE OLIVEIRA
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